Fragmentos de personagens e suas histórias
Eis Teresa. Toda a sua vida é uma inquietação. Insegura, com sobressalto ao mais
pequeno imprevisto, reage disparando argumentos histéricos aos ladrões
da sua razão e dos seus valores, Procurando protecção criou em seu redor
uma redoma que é a sua caixa-forte. Para Teresa, a única
fonte de tranquilidade é a sua profissão de vigilante nocturna. Aí Teresa é tesa.
...
Sempre em voga, Olga é uma advogada de sucesso, carrega de toga,
descarrega no yoga. Todas as noites se logga, estudando o que todos os
dias advoga. Sem descanso, compila as suas razões argumentando e
contra-argumentando para com os seus botões. Não tem qualquer
preocupação com o ser feliz ou infeliz. É apenas ocupada. Tão ocupada
que nem se apercebe daquilo que é para os que lhe são próximos. Uma
acusada sumariamente condenada.
...
Chegara o dia de Renato sair da prisão. Anos de terror temendo a violação à
bruta por parte dos outros reclusos, munidos dos seus pénis sujos e
animalescos. Finalmente Renato está livre! Incólume! Podendo agora desfrutar de
tudo isso, em qualquer estação de serviço, devidamente protegido pelo
anonimato de um glory hole.
...
Para Vicente cada vez mais o horizonte era um local longíquo e imperceptível. Progressivamente deixara de vislumbrar a vida com a clareza de outros
tempos. Para os outros o seu olhar tornara-se minusculo e baço. A culpa é
do par de óculos hipster que comprara há dia pois sem o saber são altamente
graduados.
...
Igor é o melhor técnico de suporte no mundo. Quando todos os outros
falham é ele o chamado em último recurso. Actua como que por magia. Segundos depois de falar com os
utilizadores, muitas vezes sem sequer tocar no teclado, estes confirmam
que está tudo ok e despedem-se efusivamente. É um dom natural que consigo nasceu ao qual
deram o nome de halitose crónica.
...
A António chamavam-no de poeta, coisa de que nunca se auto-intitularia.
Escrevia umas coisas quando elas queriam ser lidas. O seu sonho era o de
escrever um livro de tirar o fôlego a qualquer um. Uma epopeia árdua
pois sempre que a iniciava dava-se a sua imediata desinspiração. Até que
um dia decidiu deixar de ser refém das suas próprias limitações,
inspirou profundamente, sentou-se, bateu tecla atrás de tecla, as linhas
transformaram-se em parágrafos, os parágrafos em capítulos, num só
respirar escreveu todo um livro de fio a pavio, juntado-lhe ao seu final
o seu próprio falecimento. A autópsia não deixava margem para dúvidas.
"CAUSA DE ÓBITO: falta de ar"
PS - Estes pequenos perfis e/ou histórias de hipotéticas personagens resultam da compilação de alguns dos meus posts de Facebook a que achei piada particular e aqui registo para melhor partilha e referência futura.
Escrito de Fresco porquê?
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Olá... estou-te a ver! Podes falar mal ou falar bem mas com juizinho sff! Beijinho e/ou Abraço