Na tenda em noite de verão

Estou nas lonas
Abrigo-me sob a lona
Embrulho-me em lona

Na hora marcada faz-se shiu
Incomodam-se por qualquer chio?
Apesar disso eu ouço
Tudo me faz alvoroço

O som do sopro do ar
O som das ondas do mar
Juntos uma dessintonia
Tal qual a de uma antiga telefonia
Não estática mas dinâmica
Não metálica mas orgânica

Mascara na noite o silêncio imposto
Propagado que nem fogo posto
Carcereiro das palavras que deviam ser ditas
Ditador perpétuo das zonas interditas

Almofadas amparam cabeças pensantes
Cheias de vozes falantes
Quantas pessoas estão dentro de nós?
Qual delas a nossa voz?
Estaremos alguma vez sós?

De repente frio
Esse nunca se ouviu
Sente-se de repente
Remedeia-se com roupa quente

No chocalhar dos panos ouço o tombo de areia
Dilúvio de grãos e grãos brilhando na lua cheia
Quando se vá o feitiço serão varridos como terra suja
Quem lhes manda confiar numa bruxa intruja?

A magia é bela e tende a ser fugaz
Mantê-la é arte difícil só para quem disso é capaz
Há quem o faça sem o saber
Há quem lhe ponha fim por não o querer entender


Apetecia-me ir
Contudo o mais sensato é dormir








Escrito de Fresco porquê?

Há quem me tome por incontinente verbal mas a verdade é que a minha língua não tem débito suficiente para o turbilhão de pensamentos que me assolam a mente a todo o momento. Alguns engraçados, outros desgraçados, mas vários merecedores desta lapidação digital para a posteridade e, quem sabe, para a eternidade. Os escritos aqui presentes surgiram do nada e significam aquilo que quiseres. Não os escrevi para mim mas sim para ti. Enjoy

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