O Concerto no Coreto

A multidão rodeia o coreto de onde os músicos tocam ao ar livre para um público que na sua maioria, tal como eu, não distingue os ensaios do início do concerto. Uns sentam-se na relva, diretamente, sobre uma manta ou enterrados num puff. As crianças misturam-se ao vento juntamente com os cães rodas baixas que as seguem fielmente, os adultos sobretudo olham e escutam, os idosos apenas ali estão a fazer greve à solidão.

Todos estão de frente para o coreto menos eu. Estou sentado de costas num dos bancos livres que lhe estão encostados. Não vejo os músicos mas sim a plateia. Não faz mal. Vim aqui para ouvir música e não para ver os músicos. Prefiro olhar para as pessoas. São muitas mais do que os 3?, 4?, 5? músicos que tocam atrás de mim.

Vejo pessoas intrigadas com a minha presença, sobretudo quando a minha objetiva capta algo que considero especial. Desistam. Coleciono momentos que apenas para mim têm significado. Retratos de anónimos especados cujas poses e semblantes despertam algo no meu pensar.

As músicas continuam mas devo ter o ouvido estragado. Depois de uma ou duas soam-me todas ao mesmo embalar. A dado ponto ajeito a mochila, estico-me no banco, só para mim e para umas vespas atrevidas, e ponho-me a dormir. Quando acabar o embalo hei-de acordar. Porque a música quando boa não é preciso ser-se erudito para dar-se pela sua falta. Realmente acordei. Apenas um pouco tarde demais...


Nota: salvado de rascunhos de Junho de 2011

Escrito de Fresco porquê?

Há quem me tome por incontinente verbal mas a verdade é que a minha língua não tem débito suficiente para o turbilhão de pensamentos que me assolam a mente a todo o momento. Alguns engraçados, outros desgraçados, mas vários merecedores desta lapidação digital para a posteridade e, quem sabe, para a eternidade. Os escritos aqui presentes surgiram do nada e significam aquilo que quiseres. Não os escrevi para mim mas sim para ti. Enjoy

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