Ao tomar conta de ti tomo conta de mim

Sempre que te dou a mão tu aperta-la. Habituei-me à forma como não vês o mundo, à tua auto-proclamação de Deus criador de um Universo só teu. O teu olhar está ausente, o teu pensamento é ineficaz para a minha realidade. Não sei onde vives durante a maior parte do tempo, sempre em movimento, em total alheamento.

Limito-me a cuidar de ti. Do tu que percebo, do tu que te prende fisicamente ao meu mundo. Já te quis puxar para o meu plano de existência para tentar, sei lá, dar-te uma maior convivência. Já experimentei o contrário. Pôr-me ao teu nível, olhar para onde olhas, andar por onde andas, fazer o que fazes, para tentar perceber o mundo como tu. Antes de te conhecer de gingeira, no bom e na baboseira, quase endoideci por não conseguir encurtar a distância abissal que nos separa.

Até que desisti. Desisti de nos querer mais iguais. De me preocupar por te ver à deriva. Deixo-te à solta pelos teus caminhos tortuosos, pelas tuas ideias mirabolantes, e sei que de vez em quando ultrapassas todas as fronteiras e obstáculos para vir até cá. Ao meu mundo. Por nada mais do que por mim. Um olhar, um sorriso, um aconchego, o que seja. Nesses breves instantes não sou eu que cuido de ti mas sim tu que cuidas de mim. E faze-lo tão bem.


Escrito de Fresco porquê?

Há quem me tome por incontinente verbal mas a verdade é que a minha língua não tem débito suficiente para o turbilhão de pensamentos que me assolam a mente a todo o momento. Alguns engraçados, outros desgraçados, mas vários merecedores desta lapidação digital para a posteridade e, quem sabe, para a eternidade. Os escritos aqui presentes surgiram do nada e significam aquilo que quiseres. Não os escrevi para mim mas sim para ti. Enjoy

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