2010/05/06 - Era uma mas às duas por três eram quatro

Era uma, mas às duas por três já lá iam quatro horas à espera não sei bem do quê.

É típico. Começa-se sem se saber como, alimenta-se de um certo limbo onde se esconde tudo do amanhã e do depois, até chegar ao ponto em que nos perguntamos se já está na hora de ir embora.

Um fim sem começo com muito meio pelo meio.

Felizmente é recorrente. Qualquer faísca liga a corrente. Se era uma, mas às duas por três eram quatro, agora já não sei quantas são.

E muito sinceramente quem as está a contar?

2010/04/29 - Odor a maçã

Ainda me lembro da boa vida no pomar, desde que fui flor até me tornar um fruto apetecido. Era bonita e provocava tentação. Brilhosa, formosa e orgulhosa.

Um dia fui colhida, metida na cesta e levada. Violentaram-me, esquartejando-me em pedaços, esvaziando-me as entranhas. Juntei-me a outras com a mesma sina num enorme tabuleiro. Polvilharam-me de açucar e regaram-me com licor como se isso me trouxesse consolo.

Fecharam-me num forno e assaram-me. Fiquei torrada e liquefeita. Estou agora em exposição nesta montra da morte aguardando a machadada final da minha sorte. Sei que ainda estou bonita e apetitosa pois muitos lambuzam a vitrine, atropelando-se para me cobiçar.

Só vos peço que acabem com isto. Parem de olhar, sejam homens e comam-me PORRA!

2010/04/22 - Um dia na vida de Mellow Yellow

Sou das maiores e mais vistosas flores das redondezas. As minhas pétalas servem de abrigo a quem precisa, e segundo consta produzo um mel delicioso.

Todos os dias me abro para o Sol mas hoje é um dia de chuva. Um dia de chuva é um dia aborrecido. Para começar tenho de ficar fechada em bolbo e não vejo nada mais do que a mim própria. Não sou massajada por abelhas, esvoaçada por colibris, nem meto conversa em dia com as joaninhas.

Sou jovem e vivo pouco por isso cada dia de chuva é um prego no meu caixão. Sei tudo o que perco por não ser um dia de Sol mas não sei o que perco por estar fechada num dia de chuva.

Decidi então arriscar. Respirei fundo e abri. E nesse instante morri.

2010/04/15 - Day 1: Last Exercise

Era uma vez...

um começo e um ponto final separados por muitas letras e parágrafos. Até a mais pequena pontuação aumentava a distância entre ambos. Cada um sentia que estava predestinado a pertencer um ao outro mas a corrente criativa teimava em injectar obstáculos no seu caminho.

- "EI! Já começaste está na altura de acabar!"

gritava o começo.

- "Não interessa quanto escreves mas sim começar!"

reforçava o ponto final.

Mas eu não parava. Queria mostrar trabalho feito à srª profª Marta. Após escrever mais uns momentos percebi que quem estava a estragar a história era eu. Assumo a culpa e despeço-me desejando-lhes felicidades: ponto final.

... e viveram felizes para sempre.

2010/04/15 - Day 1: Exercise II

"Paixão! Paaaaaixãããããããoooooo! Quero tê-la ao pé de mim."

É este o suspiro de milhares que olham as estrelas no infinito.

É incrível como apesar de cá estarmos todos ao molho temos a ousadia de, sentindo-nos sós, olharmos para os desconhecidos como se fossem simples esboços de um qualquer desenho mal-amado pelo seu autor.

Enfim, é este um pequeno texto sobre um clichet sem fim.

Porquê escrever algo?

A verdade é que tenho uns rabiscos aqui e ali, e uns drafts de umas rábulas a fermentar.

Mas foi após frequentar uma Oficina de Escrita Criativa (ver http://martafresco.home.sapo.pt ou http://www.facebook.com/pages/httpmartafrescohomesapopt/325162318601) que vi que talvez me deva obrigar a escrever periodicamente para fortalecer algo ou simplesmente para alguém encontrar o que ler.

E assim nasce este blog, que não é o meu primeiro, sendo que alguns já foram destruídos por não ter gostado de os reler e/ou do rumo que estavam a ter.

O material de arranque serão os melhores, ou os mais peculiares, textos de entre as dezenas produzidas nas 10 horas da Oficina sob a batuta pressionante da Srª Profª Marta.

Veremos a sorte deste blog.

Escrito de Fresco porquê?

Há quem me tome por incontinente verbal mas a verdade é que a minha língua não tem débito suficiente para o turbilhão de pensamentos que me assolam a mente a todo o momento. Alguns engraçados, outros desgraçados, mas vários merecedores desta lapidação digital para a posteridade e, quem sabe, para a eternidade. Os escritos aqui presentes surgiram do nada e significam aquilo que quiseres. Não os escrevi para mim mas sim para ti. Enjoy

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